" O Kardecismo é Jesus ensinando.
A Umbanda é Jesus Trabalhando"

Pai Tomé

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A PREPARAÇÃO DE UM MÉDIUM NA UMBANDA – PARTE I

A PREPARAÇÃO DE UM MÉDIUM NA UMBANDA – PARTE I


Texto de Carlos Zeus.

Nesta abordagem ao tema vamos tratar das partes provavelmente mais importantes e ao mesmo tempo mais esquecidas em certas "umbandas" que infelizmente vemos por aí.
Mediunidade, todos sabemos que é um dom comum a todos os encarnados, embora seja maior em uns e menor em outros.
Sabemos também que através mediunidade (ou sensibilidade mediúnica) o ser encarnado consegue se comunicar com outros seres já libertos da matéria (situação em que a palavra é mais empregada) e até mesmo com seres ainda encarnados que estejam em outros locais. Essa mesma mediunidade também pode nos pôr em contato com o Reino Elemental e em alguns casos, como já se está estudando, com entidades que se apresentam como extraterrestres e intra-terrestres.
O tipo de mediunidade mais cultivada no meio espiritualista sempre foi o de incorporação em detrimento de um sem número de outras possibilidades que o ser humano tem em potencial como a de captar e emitir pensamentos, orientações espirituais, a clarividência, a clariaudiência e outras mais que envolveriam inclusive menos gastos energéticos no trato com o mundo não físico e poriam os adeptos em contato mais estreito com seus protetores, na medida em que não precisariam estar incorporados para sentirem e entenderem a aproximação destes.
Mas já que é assim, vamos nos basear na mediunidade de incorporação lembrando no entanto que, seja o tipo que for a mediunidade, para ser bem utilizada e o médium poder contar com a ajuda de Guias Verdadeiros, ele tem que ter na mente e nas ações os conceitos de HONESTIDADE e RESPEITO, pois sem isso, mais cedo ou mais tarde, acabará por se tornar presa fácil do Baixo-Astral. Isso posto, vamos adiante.
O que faz uma pessoa procurar o Espiritismo e, em nosso caso, a Umbanda? Antes de prosseguirmos vamos dar o real significado da palavra Espiritismo para que alguns apressadinhos não venham a dizer que Espiritismo é só o Kardecismo como eu já ouvi falar. Espiritismo (está até no dicionário) – Espírito + ismo – palavra formada pelo radical "espírito" (alma ou sopro imortal) mais o sufixo grego "ismo" (crença, escola ou sistema). Doutrina fundamentada na crença da existência de comunicações por intermédio da mediunidade entre vivos e mortos ou espíritos encarnados e desencarnados.
A Umbanda portanto, está enquadrada totalmente no conceito da palavra que não é, de forma alguma, privilégio Kardecista. Veja bem!
Se formos analisar os motivos que levam as pessoas a procurarem a Umbanda (e até mesmo outros grupos religiosos) veremos que estarão invariavelmente dentro de uma das seguintes situações:

1. Estão com problemas de saúde (ou têm alguém conhecido nessa situação) e, não procuraram ainda um médico seja por que motivo for ou já o fizeram até insistentemente sem lograrem êxito em suas tentativas;
2. Estão com dificuldades na vida amorosa, financeira ou familiar, provocadas por perturbações inexplicáveis;
3. São curiosos e querem ver de perto esses "milagres" que dizem acontecer no Espiritismo;
4. Estão passando por problemas que já detectaram como de fundo espiritual e precisam de orientação;
5. Sentiram-se atraídos sem que nem bem soubessem o motivo (caso bem mais raro).

Em qualquer caso acima citado, todos precisarão desde a primeira fase de seu entrosamento com o culto, de orientações claras que lhes possibilitem vislumbrar uma possível solução para seus problemas, e para isso, os responsáveis pelo Templo deverão estar cientes das responsabilidades que assumirão a partir do momento em que se predispuserem a serem seus orientadores.
Em se tratando de pessoas que por quaisquer desses motivos tenham realmente que receber treinamento para trabalharem sua mediunidade (o termo é esse mesmo – receber treinamento) há de se convir que a responsabilidade torna-se ainda maior porque, uma pessoa que se entrega em confiança para que um dirigente ou pai no santo venha a tratar de algo que pode mexer com seu EU mais profundo, o que pode inclusive (se mal orientado) levar a pessoa à loucura, tem que ser respeitada, aprender a respeitar, ser tratada com honestidade e aprender a ser honesta com seus protetores, seus semelhantes, seus Guias etc.
A primeira lição que o médium tem que aprender é a da lealdade e da honestidade. Conforme já disse em texto anterior, o médium que inicia seu caminho sem entender o que é ser honesto consigo mesmo e suas entidades já estará iniciando o caminho com os pés na lama e correndo o risco de afundar em bem pouco tempo.
Todo médium deve compreender que as entidades que lhe acompanham não são "gênios da lâmpada" e que o trabalho que vêm desenvolver está diretamente ligado à evolução espiritual deles e a do próprio médium. Deve compreender também que não é só porque estão "do outro lado" que devem ser compreendidos como deuses ou espíritos santos, pois muitos que lá estão, têm mais fácil acesso ao mundo material por estarem ainda muito apegados à matéria e possuírem um corpo astral muito denso. Só isso já indica que podem ser até mesmo muito menos evoluídos que o próprio médium.
O respeito a todas as entidades é fator importante, mas a obediência cega, seja à entidade que for, é imperdoável (a não ser em casos muito especiais e quando essa entidade já deu provas suficientes de que é capaz de orientar adequadamente seus discípulos).
Normalmente um dirigente preparado tem condição de identificar logo no começo o tipo de acompanhamento espiritual que o médium traz consigo e até mesmo de dizer quem é mais e/ou menos evoluído que o aparelho e desse modo, quais as entidades que podem realmente ser orientadoras e quais as que têm que ser orientadas antes de tentarem orientar seja quem for. Sob esse prisma, torna-se imprescindível que se fale (embora eu saiba de antemão que vou contra o que já está especificado como normal) na inconveniência de médiuns em início de desenvolvimento "darem cabeça" a Exú e Pomba-giras que como sabemos, são em vias de regra, entidades normalmente menos evoluídas e por isso mesmo não terem capacidade de agirem como Guias de ninguém.
Se um médium vem ao Terreiro em busca de orientações positivas para trabalhar sua mediunidade e sua evolução, tem que ter em mente que sua busca só se tornará realidade na medida em que buscar o acompanhamento de entidades que sejam mais evoluídas do que ele, e que nesse caso precisam ser buscadas mesmo, porque já habitam em planos mais sutis e não têm um acesso tão fácil à matéria como é o caso de Exús, Pomba-giras e outros ainda menos evoluídos.
Na verdade, um médium iniciante só deveria começar a "dar passagem" para Exús após ter obtido contatos realmente positivos com seus reais Protetores e Guias, aos quais caberia, por conseguinte, a orientação dos trabalhos que se fariam através de Exú quando se fizesse necessário.
Vamos abrir outro parêntese para deixar bem claro que a Umbanda (e eu particularmente) nada tem contra Exú e Pomba-gira pois o trabalho deles é muito positivo quando são orientados por espíritos superiores, mas que de forma alguma podem assumir a orientação de um filho de terreiro sob o risco de se tornarem uma dupla (ou trinca etc.) de cegos, evolutivamente falando.
Um espírito se encontra na classificação de Exú ou Pomba-gira porque ainda não alcançou méritos para poder trabalhar dentro de uma das caracterizações aceitas pela Umbanda e desse modo, pertencendo ainda ao Reino da Quimbanda como se sabe, (não há necessidade de explicar isso aqui) vem à Umbanda para trabalhar segundo a orientação de espíritos superiores e através disso alcançar sua própria evolução e até mesmo a possibilidade de vir a trabalhar futuramente como um (a) Caboclo (a), Preto (a)-Velho (a) e até mesmo uma criança.
Pense bem e sem achar que tudo o que se faz hoje é correto apenas porque é o que se faz ou porque lhe disseram que é normal, mas colocando um pouquinho de lógica nos seus pensamentos.
Ainda que mal comparando, se você tivesse dúvidas sobre uma determinada matéria na escola, a quem você procuraria para saná-las? A quem entendesse melhor do que você, ou a alguém que estivesse numa série abaixo da sua? O que um aluno da primeira série pode ensinar de positivo (na matéria em questão) para um aluno da terceira série se ele ainda nem chegou lá?
Exús são altamente positivos quando se trata de resolver trabalhos através de energias bastante densas? – Sim!
Exús são capazes de atuar sobre a matéria física muito mais facilmente que uma entidade de luz? – Sim!
Exús são capazes de curas espirituais? – Sim, sempre que estão trabalhando sob a orientação positiva!
Exús conseguem contato mediúnico mais facilmente que entidades mais evoluídas? – Sim!
Qualquer NÃO a perguntas como estas seria hipocrisia ou total desconhecimento sobre como as energias mais densas ou menos densas podem atuar sobre a matéria. Se no entanto as perguntas fossem como as que se seguem:
Exú pode assumir o comando da orientação mediúnica de um filho no santo?
Exú pode orientar um médium por caminhos de real evolução espiritual?
Exú pode determinar como deverão ser os trabalhos para a "coroação" de um médium de acordo com seu orixá?
Exú pode assumir a "coroa" de um médium como se fosse seu orixá?
Para todas estas perguntas a resposta certa é NÃO!
A despeito de todo o carinho que devemos ter para com essas entidades, é preciso que fique bem claro que Exú vem na Umbanda como auxiliar das verdadeiras entidades deste culto. Se hoje em dia vemos por aí, Fulano de Belzebu, Cicrano de Lalu e outros mais, pode ter certeza de que, ainda que queiram se dizer umbandistas jamais o foram ou serão. EXÚ SÓ ASSUME COMANDO QUANDO O TEMPLO É DE QUIMBANDA. Nem nos rituais Afro de raiz, Exú tem permissão para assumir a orientação de quem quer que seja, pois lá eles são considerados mensageiros dos Orixás.
Mas porque estou falando de Exú quando o assunto é preparação de médiuns? Muito simples e um tanto complicado como vamos ver.
Vamos considerar que um médium procura um terreiro para se orientar no que tange à sua mediunidade e, em lá chegando, percebe-se que sua sensibilidade já despontou e que urge que ele continue a freqüentar as giras de desenvolvimento (quando elas existem).
O que normalmente acontece a seguir é que esse médium passa a freqüentar o terreiro e nem sempre é devidamente orientado pelo(s) seu(s) dirigente(s), para que comece a estudar sobre as coisas que ali acontecem e que podem acontecer quando ele vai abrindo a guarda para "o que der e vier", bem assim como, em conseqüência de um desenvolvimento desorientado, começa a "dar a cabeça" para qualquer tipo de vibração que se aproximar (você pode até rir: eu já vi gente que se dizia mediunizado pelo "cavalo de ogum") sem saber exatamente o que fazer ou como fazer.
Há alguns outros que, estando em giras de desenvolvimento, "não recebem quase nada" mas quando se trata de uma gira de Exú.
Nos dois casos, o primeiro pela ignorância (no bom sentido) e o segundo pela afinidade (perigosa nessa etapa de desenvolvimento) o médium corre perigo de começar "com o pé esquerdo", a não ser que, no primeiro caso, tenha um acompanhamento espiritual bastante positivo que, desde o começo assuma o comando de seu "aparelho".
No segundo caso, aqueles que por afinidade se sentem melhor desde o início em giras de Exús e Pomba-giras pode significar que:

1. O médium sofre atuação direta de espíritos dessa categoria sem que para isso concorra sua vontade, o que impede que entidades de maior grau evolutivo se aproximem. O orientador deve, nestes casos, providenciar o afastamento dessa(s) entidade(s) para que os protetores reais possam se revelar.
2. O médium seja um admirador dos Exús e Pomba-giras o que o sintoniza bem com essas entidades e facilita-lhes a atuação com conseqüências idênticas ao caso anterior. O orientador deve fazer ver a esse filho que ele está dificultando uma possível ação dos seus VERDADEIROS GUIAS.
3. Durante as incorporações com Exús e/ou Pomba-giras o médium se sinta mais forte, mais seguro, o que o faz pensar serem eles os mais fortes e mais seguros. O que ele não sabe é que essa sensação acontece muito mais pelo tipo de energias bastante densas que essas entidades trazem consigo do que pelos seus possíveis "poderes".
4. Há ainda aqueles que, por sentirem o respeito e até o medo que essas entidades costumam induzir nos menos avisados, através da incorporação, dão vazão a alguns possíveis complexos que trazem guardados no recôndito de suas almas – com eles sentem-se poderosos, intocáveis. O orientador nesse caso, deve explicar a esses filhos que esse poder induzido é falso. Essa energia é da entidade incorporante e que o poder verdadeiro só chega para aqueles que alcançam o domínio da própria vontade, do próprio ser, conseguindo através disso, assumir as rédeas de sua própria vida.

Exús e Pomba-giras, como já disse, encontram, não raramente, uma facilidade maior de contato com os seres humanos e desse modo, quando pretendem assumir o comando, o que não é correto, agem como obsessores transmitindo ao médium a segurança e as facilidades materiais que ele espera de uma entidade "positiva" e com isso bloqueiam e fazem com que o próprio médium bloqueie, os canais de comunicação com as verdadeiras entidades guias. Daí a importância do médium estar em contato positivo com seus verdadeiros guias ANTES de começar a "dar cabeça para Exús e Pomba-giras".
Mas você poderia retrucar dizendo que isso tudo não é importante porque Exú consegue fazer trabalhos positivos, pode até curar, pode trazer segurança para o seu protegido e através disso tudo pode estar fazendo a caridade que acabará fazendo com que evolua, certo? Só que você estará cometendo o maior dos erros se pensar que Exú e Pomba-gira, a menos que trabalhem sob orientação superior e/ou já tenham conseguido evoluir a ponto de compreenderem que devem fazer isso tudo em função de uma Evolução que devem perseguir, vão estar trabalhando para você ou quem quer que seja de graça.
Fique sabendo que, na essência, tanto Exú como Pomba-gira são entidades que sequer pensam em evolução. Normalmente estão ligados aos mesmos defeitos que nós humanos encarnados e, como nós, acreditam que o que é feito deve ser pago de alguma forma (lembre-se: eles não são mais evoluídos do que nós e têm os mesmos defeitos e às vezes até mais defeitos do que nós). Como será a cobrança e quando ela virá é um outro aspecto da questão. De início as cobranças dessas entidades podem vir sob forma de oferendas que não raramente vão aumentando em quantidade e qualidade. Se o devedor deixa de fazer seu pagamento a cobrança pode vir por perdas financeiras, litígios em família, doenças, etc.
A compreensão de um Exú não orientado limita-se ao: "pediu tem que pagar". Somente quando tem oportunidade de receber orientações positivas de entidades mais evoluídas (e isso é um dos trabalhos de caridade que o médium pode fazer desde que se mantenha sempre em contato com seus Verdadeiros Guias e faça de seu próprio comportamento um exemplo) ele consegue vislumbrar novas realidades até então não alcançadas por estar preso a um Campo Vibratório excessivamente denso. É o contato com essas entidades mais evoluídas que o fará compreender a necessidade do trabalho pela evolução e conseqüente libertação desse Campo Vibratório, e nesse caso, é o médium bem preparado que lhe facilita o acesso e a compreensão necessária.
No caso do nosso médium iniciante, antes de qualquer tipo de trabalho com Exús e Pomba-giras é imprescindível que ele:

1. Esteja em pleno contato com a(s) entidade(s) responsável(is) pelo seu desenvolvimento – normalmente um(a) Caboclo(a) ou Preto(a) Velho(a);
2. Tenha sido constatado pelo(a) dirigente que este médium consegue incorporações realmente positivas com essas entidades e que não use o pretexto da "incorporação" para sair dizendo ou fazendo o que não teria coragem de dizer ou fazer em estado normal (só isso aí já mostra o total despreparo que podemos observar até em muitos médiuns que se dizem "prontos");
3. Tenha em mente que o seu futuro trabalho, com Exús e Pomba-giras devem seguir orientações dadas previamente por seus protetores e guias (considerando-os positivamente ligados ao médium) e no início, sempre que lhe for determinado qualquer tipo de trabalho por essas entidades, este seja passado pelo crivo de uma entidade superior antes de sua realização.

Esse último item é tão importante quanto normalmente esquecido.
Torno a dizer: Se você está começando a trabalhar com Exú e Pombagira e não os conhece ainda profundamente, bem assim como suas reais intenções quando de você se aproximaram, CUIDE-SE! Já vi muito médium se "empolgar" com a suposta força de entidades deste tipo e que por "se sentirem poderosos" com elas, deixaram seus verdadeiros guias pela estrada da vida acabando por se enfiarem no baixo espiritismo com conseqüências terríveis para suas vidas a partir do momento em que começaram a ver e agir nessa vida pelo mesmo prisma em que seus Exús e Pomba-giras desorientados viam e agiam.
Se você é desses médiuns que ao lerem afirmações como essas acham logo que é bobagem ou que é medo, "perca" um pouco de tempo (na verdade ganhe) observando friamente as pessoas que vivem trabalhando mediunicamente sob a influência desses espíritos (e elementais também).
Veja se com o tempo as cobranças (oferendas etc) não vão chegando, chegando, chegando.
Veja se essas pessoas podem ser consideradas felizes ou são pessoas de paz e que por isso possam lhe transmitir essa paz!
Observe principalmente que, se têm um tempo em que gozam de supostas alegrias e possivelmente até riquezas, mais cedo ou mais tarde, se não obedecerem fielmente as ordens de seus "protetores exus", acabam por caírem na mais pura miséria e desespero.
Observe, irmão, observe!

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